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CONFLITO AGRÁRIO
Sem-terra destroem fazenda e provocam pânico na BR-429

Data da notícia: 2016-08-12 10:01:59
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(Da Redação) Passava das cinco e meia da tarde do dia 17 de julho quando um grupo encapuzado e armado invadiu a sede da propriedade rural do pecuarista Augusto Nascimento Tulha, a 40 quilômetros da cidade Seringueiras. Segundo ele, após a entrada dos invasores houve uma sequência de atos violentos. ?Fui amarrado e torturado. Sofri ameaças com uma faca no pescoço?, contou.

O grupo invasor que tomou posse da Fazenda Bom Futuro se identifica como Liga dos Camponeses Pobres (LCP), uma organização hostil, equipada e, segundo a Polícia Ambiental, treinada com táticas de guerrilha.

De acordo com o promotor de Justiça, Jônatas Albuquerque, da Comarca de São Miguel do Guaporé, com jurisdição sob a área invadida, não há oficialmente a confirmação de que os invasores pertençam a LCP. ?Mas trata-se de pessoas armadas que estão afrontando a Constituição. Estamos apurando a situação, levantando a materialidade e autoria dos crimes?, assinalou.

As propriedades rurais com pecuária de corte, localizadas ao longo da 429, representam 10,44% de toda produção de carne bovina do estado. A fazenda Bom Futuro era uma das mais prósperas. O produtor Augusto Tulha aplicava tecnologia de ponta para melhorar a genética do rebanho.

?Todo o gado está lá. Os bois que eles não matam para comer estão morrendo de fome e sede?, conta o pecuarista. As fotos e imagens áreas feitas da propriedade mostram a destruição no local.

O pasto foi queimado de ponta a ponta, assim como a sede da fazenda e as casas dos funcionários. As máquinas agrícolas da fazenda foram usadas para passar por cima de cochos e cercas.

?A população precisa se dar conta que aqui somos trabalhadores. Junto com nossas famílias produzimos o leite, a carne, o café, o queijo que vão à mesa dos rondonienses?, desabafou Luiz Carlos, presidente da Associação dos Produtores de Seringueiras.

Para o delegado regional da Polícia Civil que acompanha o caso, Júlio Cezar, a situação abrange dois campos, o cível e o criminal. ?Estamos apurando os diversos crimes praticados por esse grupo armado. As pessoas que praticaram esses atos criminosos serão identificadas e responsabilizadas?, assegurou.

De acordo com o secretário de Segurança Pública do Estado, Antônio Carlos dos Reis, as polícias Civil e Militar estão no local para evitar conflitos entre os invasores e os produtores rurais. Na semana passada, um grupo de agropecuaristas fechou uma das pontes da BR-429 em protesto pela morosidade da Justiça. O acesso foi liberado, depois que autoridades do governo estadual e União prometeram empenho para retirada dos invasores.

Direito à propriedade

O presidente do Sindicato Rural de Costa Marques, Rafael Arcando, questiona às autoridades sobre a demora da reintegração. ?Será que realmente somos donos da nossa propriedade? Será que os invasores estão acima da lei??, questionou.

Segundo Arcando, metade de dois assentamentos realizados no município de Costa Marques foi vendida. ?Eles conquistam terras e vendem as propriedades?, denunciou o sindicalista.

A invasão à Fazenda Bom Futuro e a circulação dos invasores encapuzados vêm causando pânico na população da região. ?Nosso sentimento é de insegurança, pavor, medo?, desabafou Cátia Lima, produtora de Seringueiras.

Em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa, o deputado Laerte Gomes (PSDB) alertou para o perigo de uma extensão dessas invasões nos demais municípios da 429. ?Não podemos admitir que pessoas tomem para si propriedades alheias, usem de violência, destruam tudo o que foi construído com sacrifício e fiquem impunes. Isso precisa acabar. Não é uma questão agrária, mas criminal?, assinalou.

Justiça manda reintegrar, mas Estado ainda não foi notificado. Na semana passada, a Justiça deu ganho de causa para o fazendeiro Augusto Tulha.

A sentença é pela reintegração de posse no prazo de 10 dias. Mas, segundo o titular da Segurança Pública, o estado ainda não foi notificado. ?Não podemos fazer a reintegração sem sermos oficiados. De qualquer forma, estamos nos preparando para a ação para que não haja nenhuma tragédia. Assim que recebermos o documento do oficial de Justiça daremos início as três fases da operação: levantamento completo da quantidade de pessoas que estão na área, estudo da situação e negociação?, informou Antônio Carlos dos Reis.

Com informações da Assessoria/Rondoniagora.

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